sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Para Hahehuia e Kharmakhiel
















Às vezes não vivo.
Tenho uma vida intermitente...
Ou hesitante, sei lá.
Porque não sabe se há-de ser,
ou não se sabe ser.
Às vezes não vivo. Deixo-me estar.
Porque não me importo com o que sou
ou com o que não sou.

Hei-de chegar? "Vou andando",
como dizem os outros uns aos outros, por aí.
Seguindo o mesmo caminho que eles seguem
sabendo que leva a lado nenhum.

Às vezes não vivo.
Estou na vida como um vaso derrubado
por criança traquinas,
à espera que venham varrer os cacos.
Estou na vida como uma nuvem de verão
que não tem outra missão senão estar ali,
queda,
impedindo o azul,
ou quem sabe,
talvez rimando com ele.
E se chover? Pois que chova,
que também é missão da nuvem.
Assim, a nuvem cumpre-se,
e a mim cumpre-me ficar a ver porque eu não posso chover.

Então, deixo-me estar.
Aqui ou ali, tanto faz.
Quero lá saber!
Estou na vida assim,
sem estar,
p'ra que me hei-de inquietar?
Estou bem assim, não estou?
E porque é que não hei-de estar?

Enquanto os outros vão, eu fico.
Fico sem me importar.
Porque é que hei-de ir atrás deles,
se voltam com as mãos tão vazias quanto eu fiquei?
Então, deixo-me estar.
Virá o dia? Virá ou não.
Talvez...
Virá ele, eu cá estou.
Estarei ou não, sabe-se lá.

(Se não estiver aqui, estarei noutro lugar,..)

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