terça-feira, 12 de agosto de 2014

Alma nocturna









Quando esta parte do mundo se recolhe na noite
E todos as coisas desta parte do mundo adormecem,
Fico acordada à tua porta,
Testemunhando as tuas horas,
Escutando os teus passos.
Sei de cor as rotinas e guardo-te os sonhos na memória.
No teu pacífico adormecer estendo-me no primeiro degrau
Qual amante que se deita a teu lado.
Velo as tuas noites como fera protectora.
Quando a madrugada liberta a sua luz,
Vou pelas ruas cantando os teus sonhos, que são poemas.
Olha-me quem passa.
Uns com dó de quem por ti ensandeceu.
Outros param a olhar-me como se eu os tivesse chamado pelo nome.

Tudo para quando a mim regressas










Tudo para quando a mim regressas.
Sustida no voo a andorinha,
Revolto em espectro o fugaz vento,
O próprio mar estarrece em planície e azul,
E há um tumulto de arvoredo na alegria.
Só os teus passos se ouvem no caminho.
Suspensa toda a vida e o canto das sereias,
A própria luz anseia o teu perfil,
Vêm os deuses espreitar a eternidade.

Tudo para quando a mim regressas
Só os teus passos se ouvem no caminho.