terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Não sei quem és




















De madrugada eu não sei quem és nem que nome tens,
Serás fogueira, silêncio ou mesmo escuridão,
Ou talvez ausência, tristeza, paixão.
De madrugada perco-te o nome, o norte, o tino, a existência.
Não sei sequer de onde vens,
Que razão prolonga a tua ausência.
Relembra-me o teu nome ao sol nascer,
Quem és tu para mim na crua luz desta alvorada nua.
Porque te quero esquecer na madrugada
E reaprender-te na fria margem do meu dia.



 

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Moura encantada



























De que cascata de luz
Emergiste tu, moura encantada,
Que feérico bosque te pariu
Assim tão inumana?
Passeias incólume e serena
Nos sonhos do mundo.
E quando soltas o teu canto mágico
Há uma catástrofe algures
Num canto do Universo,
Porque até os deuses
Abandonam a Criação
Para te ouvirem (en)cantar.

Para lá do teu sorriso


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O teu sorriso desagua nas minhas mãos como estilhaços.
Para lá do teu sorriso estão as sombras do mundo,
sorriso de menino perdido de sonhos azuis
que se confundem com o céu e desaparecem no mar.
 
 
 

Os orbes de teus olhos


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Claro e límpido universo líquido
Nas orbes de teus olhos,
Escuro verde cedro que não é floresta.
É lá que navegam espantos e poesias
(algumas que não sei decifrar).
É lá que me enredo e enrolo
Que me perco e rebolo
Em heresias de amor.
 
 

Eu sou rio













 
 
 
 
 
Contigo eu sou rio
Alma líquida de azul
A desaguar nos teus olhos de espuma.
 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O caminho velado

















Que estradas escondidas no imenso céu percorrem estes pássaros?
Com que alegria sabem eles o seu caminho?
Estará o trilho escondido por entre as suas asas
Ou conseguirão eles ler nas estrelas?
Eu que não sei ler nas asas nem na vastidão estelar
Pergunto ao coração se ele esconde no seu bater sincopado
O mapa do caminho velado.


Foto: Getty Images

Alma azul



















Se visto a alma de azul
Não é porque seja mar,
Mas noite escura,
Puro breu sem estrelas nem luar,
Lágrimas de saudade,
Secura de alma que irrompe em cada madrugada.
Azul é o espanto e o desejo
Que antecede a tua chegada

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Alma nocturna









Quando esta parte do mundo se recolhe na noite
E todos as coisas desta parte do mundo adormecem,
Fico acordada à tua porta,
Testemunhando as tuas horas,
Escutando os teus passos.
Sei de cor as rotinas e guardo-te os sonhos na memória.
No teu pacífico adormecer estendo-me no primeiro degrau
Qual amante que se deita a teu lado.
Velo as tuas noites como fera protectora.
Quando a madrugada liberta a sua luz,
Vou pelas ruas cantando os teus sonhos, que são poemas.
Olha-me quem passa.
Uns com dó de quem por ti ensandeceu.
Outros param a olhar-me como se eu os tivesse chamado pelo nome.

Tudo para quando a mim regressas










Tudo para quando a mim regressas.
Sustida no voo a andorinha,
Revolto em espectro o fugaz vento,
O próprio mar estarrece em planície e azul,
E há um tumulto de arvoredo na alegria.
Só os teus passos se ouvem no caminho.
Suspensa toda a vida e o canto das sereias,
A própria luz anseia o teu perfil,
Vêm os deuses espreitar a eternidade.

Tudo para quando a mim regressas
Só os teus passos se ouvem no caminho.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ontem




Ontem abracei-te como quem abraça o mar,
E no profundo silêncio azul,
Os teus olhos líquidos de ondas
gritaram uivos de sereias no adeus.