segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Quando eu escrevia poemas


colegioamparo


Enquanto acreditei que existias eu escrevia poemas,
aos teus olhos predadores, à tua boca invasora.
Tu eras o poema e eu respirava-te pelas palavras que escrevia.
Nos contornos do teu corpo desenhei metáforas.
A poesia nascia-te no ventre e escorria fluida e poderosa
dos teus lábios, onde eu, ávida, colhia cada rima.
E afinal tu não existes e eu não sei escrever.
A solidão é uma folha em branco.
A tua inexistência é dislexia onde as sílabas troçam de nós
e as palavras não fazem sentido.
A realidade sem ti é tão árida como a tua face em cada manhã.
E este vazio é sinistro, perverso e inútil,
como o ponto final onde me suspendo, louca à beira do abismo.
E afinal tu não existes e nunca leste os meus poemas.

2 comentários:

lobices disse...

“…os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção... vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura... cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz.... ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento… as minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles... acerco-me de ti e te toco... te sinto global e ali inteira frente a mim... beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal... estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim... é apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar... minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... fecho os olhos procurando apenas sentir… e sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... como é bom... a minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... é apenas mais um enlace... sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura... loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente... meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem… sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor... minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim… procuro o teu sexo e o acaricio... beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo…te envolvo num abraço mais e te penetro… és tu que me possuis... não te tenho, és tu que me tens... movimentos doces se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... os nossos corpos se fundem num arfar profundo de prazer e loucura... já não sei o que sou, apenas em ti estou... eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... na verdade és tu que me possuis pois eu não te tenho, és tu que me tens pois em ti eu me dou... e em ti eu me eternizo…”

Armindo de Vasconcelos disse...

Por que friesta da vida, da alma, te escapuliste para o meu limbo, esse estranho suor da alma quando os lençóis estão gelados?

A fome da tua voz nuna se sacia. Tu nunca vens, todo um mar inundado de sol nuns olhos à minha frente, ou a solidão talhada numa escuridão absoluta, como se Alguém tivesse subitamente desligado o mundo.