domingo, 7 de novembro de 2010

Guardarei

Guardarei os teus olhos de breu
Na escuridão da minha noite.

Escreverei os teus segredos na areia
Para que os leve o vento,
Ou os esconda o mar.
E na Lua breve
Amanhecerei o teu silêncio.

Ah, tu não sabes, mas eu sei,
Que o teu nome é feito da
Poeira das estrelas,
E que na tua voz,
Ressoam todos os cânticos dos
Velhos Marinheiros que o mar tragou.

Não tenho nada para te dar
Senão a nudez das minhas mão vazias
Para prencherem as tuas.
Não me tragas nada
Senao a tua asa
Para juntar à minha.

Escuta!
Já cantam as bruxas no
Sabat da madrugada e
As sereias embalam os
Amantes nos seus cabelos de prata.

Voamos?

1 comentário:

lobices disse...

Vaguear ao sabor do vento

“… Agacho-me com facilidade porque as calças de ganga assim o permitem; no entanto, os sapatos estão enterrados na areia mole da última chuva que caiu… estendo a mão e sinto-a fria mas de textura admirável… afago-a e sinto os seus minúsculos grãos passearem-se pela minha mão… é uma sensação agradável mas ao mesmo tempo faz cócegas e sinto necessidade de a retirar… mas não: enterro os dedos na areia fina e rodo-os o mais que posso para sentir já não a finíssima camada mas a dureza da mais dura que existe por debaixo… tiro os dedos e a mão traz um punhado de terra, terra granulada pertença das águas do mar… olho-a bem e permito que os dedos da minha mão se abram e os grãos deslizem… o vento sopra de norte um pouco forte e não consigo visionar a queda daqueles minúsculos pedaços do meu mundo, do mundo em que habito e que está sob os meus pés… o vento então, leva-os para bem longe de mim… mas, ao mesmo tempo que os vejo fugir sorrio porque imagino que para além dali onde estou, aqueles pedaços de nada e de tudo levam um pouco de mim para outro lugar… vagueio, pois, ao sabor do vento e sei que uma parte de mim irá viajar para bem longe; aqueles grãos levam as minhas impressões digitais, o meu cheiro, parte da minha pele, parte do meu ser, daquilo que fica aqui e agora e que, ao mesmo tempo, voa para outro lugar… o prazer de me saber, afinal de contas, presente mesmo fora de mim…”