quinta-feira, 9 de junho de 2011

Hinc illa lacrimae

























Como não quereis que chore
se o mar me invade os olhos,
me corre nas veias
e transborda nas marés da alma?

Á alma lusa não lhe corre sangue nas veias
mas água salgada.

sábado, 4 de junho de 2011

Importa celebrar o vazio





















É no teu peito vazio que me recolho.
As tuas mãos vazias preencho-as com as minhas.
No caminho incerto e solitário do teu olhar
encontrarás a companhia dos meus olhos.

E à medida que a dor for escavando
um buraco inútil no teu coração,
semeando o vazio e o silêncio,
virei de seguida enchê-lo
de risos em cascata,
de cânticos alegres
de luzes de todas as estrelas,
murmúrios de luas,
e da alegria dum bater de asas
na frescura das manhãs,
da inconsciência feliz duma bebedeira de medronhos,
de juras de amor.

E enquanto tu aprendes
na lição da partida,
ensinar-te-ei o valor da chegada.
Porque o que importa é celebrar o vazio,
não pelo que se foi,
mas pelo que se pode vir a ser.
E preencher.

Para que dentro do teu vazio
exista um pouco de mim,
um toque,
uma pegada,
uma impressão digital,
um olhar,
um murmúrio,
um desejo.
Um beijo.