quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Saudades














Tenho saudades do tempo em bastava ter saudades p'ra te ver.
Tenho saudades das saudades que sentia.

De que me serve agora ter saudades,
se não são saudades de ti,
mas das saudades que podia?
Não, estas não posso, amor, não as posso ter!
Porque são saudades das saudades que sentia,
e do tempo em que bastava ter saudades, p'ra te ver.

Saudades podia...

Teus olhos de amado



"Ô bien-aimée, quels yeux tes yeux..."


Teus olhos aprisionaram os meus-

Cruelmente.
Inexoráveis e fatais.

Teus olhos se apossaram de mim
e eu me apossei dos teus.

Rebelde eu sou.
Insubmissa.

Mas faço do teu olhar minha vontade!

Teu olhar envolve-me.
Atormenta-me.
Em teia fatal me enleia.
É bandido o teu olhar:
rouba os meus segredos,
viola os meus sentidos...
Acende-me e incendeia-me.
Num único lampejo,
teus olhos se dissolvem,
tecendo estradas de luz no meu desejo.

Erótico,
sensual,
teu olhar fatal
permanece muito aquém do bem
e insiste para além do mal.

Teus olhos têm o segredo de saber revelar.
E é de pecado feito o teu olhar.

Mas não faz sentido
teu olhar de perseguido
aprisionar o meu!

Fascinação amor,
é apenas e tudo isso.
Paixão.
Insuportável.
Inexplicável, sim, também.

Mas,
nesse olhar
malvado,
maroto,
atrevido,
eu sinto e vejo,
teu desejo,
meu sentido,
crescer em mim,
ser toda eu,
e nesse instante, amor,
o teu olhar já não é teu.

É meu!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O meu rio

                                                                      









Foto de Nasb69 publicada no Google Earth



Fica!
Que quando o meu rio
se alonga,
se alvoroça
e chora
e invade assim as ruas,
é porque não lembra o teu rosto
e te procura nas margens.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Perdidos
















Eu podia adormecer no teu sorriso
como quem morre de espanto,
e cair no teu silêncio,
povoar os teus sonhos,
talvez.

Eu podia seguir os teus passos
no rasto das estrelas
como pássaro nocturno e predador.

Eu podia cair no teu corpo
como amante ensandecida.
Abrir-te o coração e
saciar o meu desejo de nós.

Mas enquanto eu me perco no poema,
Por onde te perdeste tu de mim?